Esse blog mudou de número
Anote o novo endereço: rberlim.pages.casa
O título diz tudo.
Anote o novo endereço: rberlim.pages.casa
Ano passado adquiri um Motorola G84 em substituição ao triste falecimento do meu samsung note10. Foi uma compra de oportunidade, com um belo desconto na operadora. É um bom aparelho, já com suporte a 5G e outros recursos bem razoáveis.
Como um usuário do LineageOS, uma versão do sistema android sem os penduricalhos de software do google,. do fabricante e da operadora, fiquei muito tentado a instala-lo também nesse telefone. Infelizmente, a época não havia uma versão para esse aparelho em particular. Então, ligeiramente contrariado, mas feliz por não arriscar um aparelho recém adquirido, fiz um debloat (ou seja, desinstalei ou desabilitei quase tudo o que não queria). Não vou explicar esse procedimento aqui, mas caso te interesse, procure esse projeto
Durante um ano usei o celular dessa forma, E resolveu, ainda que não fosse completamente satisfatório, eu queria estar mais livre, tanto quanto possível, das bigtechs.
Há cerca de uns 4 meses atrás, meu aparelho entrou na lista de oficialmente suportados pelo LineageOS. fiquei enrolando um tempo, até que finalmente tomei coragem e parti para a instalação. O primeiro passo foi criar uma conta na Motorola para fazer o desbloqueio do bootloader. Pois é, apesar do aparelho ser seu, você precisa da anuência do fabricante para fazer este desbloqueio. É para sua segurança, eles dizem, mas é conversa. É mais um obstáculo para ver se você desiste. Ah sim, e com o desbloqueio você abre mão da garantia. Essa foi uma das razões para eu ter aguardado um ano.
É necessário criar uma conta junto a Motorola para obter o código de desbloqueio. Recomendo fazer esse passo antecipadamente, pois pode levar até 7 dias para autorizarem o desbloqueio. Aproveite esse tempo para fazer o backup do aparelho, pois o desbloqueio vai apagar tudo. É importante lembar que, após desbloqueado sempre aparecerá um aviso quando o celular for ligado informando do desbloqueio do bootloader. Se você pensa em revender o aparelho para alguém que não quer usar lineage, é bom ter isso em mente. consulte o site da motorola para maiores informações.
Para todos esses passos, desde o desbloqueio até a instalaçãodo LineageOS, é bom ativar o modo de desenvolvedor, da seguinte forma:
Primeiro, vá até as Configurações do seu celular.
Depois, procure por “Sobre o telefone” ou “Sistema” e toque em “Sobre o telefone”.
Nessa tela, encontre a opção “Número da versão”.
Agora, toque repetidamente, umas sete vezes, no “Número da versão” até aparecer uma mensagem dizendo que você agora é um desenvolvedor.
Feito isso, o modo desenvolvedor já está ativo!
Para habilitar o acesso do ADB, você volta para as Configurações, entra em “Sistema” (ou um menu parecido, dependendo do aparelho) e depois em “Opções do desenvolvedor”. Dentro desse novo menu, procure a opção “Depuração USB” e ative-a. É só confirmar na mensagem que aparecer, e pronto! O ADB já consegue se comunicar com seu celular.
Feito o desbloqueio seguindo o passo a passo do site da motorola e do lineage, a coisa flui muito tranquila. Basta ler as orientações com atenção e executar os passos.
O manual de instalação da LineageOS para o meu G84 (codinome bangkk) é bem direto, mas exige atenção. O primeiro passo é ter as ferramentas certas à mão.
Antes de qualquer coisa, a gente precisa de duas ferramentas essenciais: o adb e o fastboot. Eles são a ponte entre o seu PC e o celular. O adb (Android Debug Bridge) nos permite fazer comandos no aparelho enquanto ele está ligado no modo normal ou em modo de recuperação, e o fastboot é o cara que conversa com o bootloader para instalar arquivos essenciais.
Funciona de forma parecida no Windows ou Linux:
No Windows: Abra o “prompt de comando” ou “terminal”. Se ao conectar o aparelho, o comando fastboot devices não retornar nada, você provavelmente precisa de drivers específicos.
No Linux: Abra o terminal. Caso a saída de fastboot devices retorne a mensagem no permissions, é provável que você precise rodar o comando como root, ou seja, com privilégios de administrador. É bom também checar o cabo USB, pois ele pode ser o problema.
Com o celular conectado, abra o terminal e use este comando para reiniciar o aparelho no modo bootloader:
adb -d reboot bootloader
Depois de desbloquear, o manual pede para re-habilitar a “depuração USB” para que os próximos comandos funcionem.
A instalação definitiva Com o bootloader desbloqueado e o aparelho no modo certo, agora é sério! O manual do LineageOS que eu usei exige que a gente instale alguns arquivos de imagem antes de mais nada.
Primeiro, baixe os arquivos de imagem (dtbo.img e vendor_boot.img), além da Lineage Recovery oficial, que é um arquivo boot.img. O manual avisa para usar essa Recovery e não outra, para evitar problemas na instalação.
Agora, no terminal, é hora de usar o fastboot para instalar essas partições. É só usar os comandos que o manual sugere:
fastboot flash dtbo dtbo.img
fastboot flash vendorboot vendorboot.img
Em seguida, a gente instala a recovery, que é a parte mais importante para o próximo passo.
fastboot flash boot boot.img
Depois de instalar a recovery, o manual me instruiu a reiniciar o aparelho nela e fazer a “formatação de dados” para limpar tudo. Essa é uma etapa crítica para que a ROM funcione corretamente.
Finalmente, com o aparelho pronto, é hora de fazer o sideload do arquivo da LineageOS. É só selecionar “Apply from ADB” na tela do aparelho e usar o comando no computador:
adb -d sideload /caminho/para/o/arquivo.zip
Se você for instalar o microG logo depois, o manual recomenda não reiniciar o aparelho. É só usar o mesmo comando de sideload para o pacote do microG. É normal, nesse momento, aparecer um aviso de “Verificação de assinatura falhou”, mas é só dar “Sim” e prosseguir, já que os add-ons não vêm com a assinatura oficial do Lineage.
Primeiro, experimentei o LineageOS puro. Foi como ter um celular novo, de novo! com um conjunto básico de aplicativos, logo acessei a pagina do F-Droid, que funciona como uma loja alternativa com aplicativos FOSS (Software Livre e de código aberto) para o android. É necessário dar autorização para o navegador instalar o f-droid (recomendo remover, depois) e depois, para o próprio F-Droid. Os softwares disponíveis no repositório básico do fdroid atendem a muita coisa, mas para deixa-lo ainda melhor, você pode adicionar alguns repositórios de terceiros. Evite sair adicionando tudo que ver por aí, melhor se ater ao que pode ser considerado confiável. Eu adicionei o IzzyOnDroid, um repositório de aplicações fornecidas diretamente pelos repositórios dos desenvolvedores dos aplicativos e o do Bitwarden, que uso como cofre de senhas.
Com a instalação do AuroraStore, uma loja que permite fazer a instalação de softwares que estão na google play, tudo parecia fluir bem, até bem demais.
Claro, logo fui atingido por uma pedrada, Os apps de banco que uso instalavam, mas não funcionavam direito. Um nem abria, outro abria, mas não conseguia fazer o reconhecimento facial. Lambendo minhas feridas, mas não disposto a largar o Lineage, resolvi testar o LineageOS for microG. Já havia usado esse projeto anteriormente e ele tinha resolvido meus problemas. Essa versão do Lineage vem com o microG, que substitui a parte proprietária do android que o google impõe, permitindo que os aplicativos que precisem de serviços do google, como saber que o celular é confiável e registrado possam funcionar. Além do mais, essa versão já vem com o F-Droid instalado.
Felizmente, com essa versão, todos os meus problemas “bancários” foram resolvidos. Até testei instalar o microG a parte com o lineage puro, mas nunca consegui passar em todas as verificações. Agora, posso dizer que tirando os apps bancários, netflix, uma coisinha ou outra e o inescapável whatsapp, meu celular roda FOSS de cima abaixo. Prevejo que salvo alguma queda fatal, poderei usa-lo com tranquilidade por uns bons anos dessa forma!
Apesar disso, sempre valem alguns avisos. Não uso o app do Gov.br no meu celular. Sei que ele tem algumas questões com aparelhos desbloqueados, então se você utiliza duplo fator de autenticação com sua conta gov.br convém desativar (nem sei se é possivel) isso antes de prosseguir, ou ter usa conta configurada em um celular reserva.
Outros aplicativos também podem ter questões quando a falta da play store oficial ou ao safetynet. Eu mesmo notei logo antes de fazer essa postagme que meu netflix não funcionava mais, mas bastou fazer alguns ajustes dentro das configurações do microG de ativar o “registro do dispositivo no Google” e ativar o “SafetyNet do Google” que passou a funcionar. Claro, isso deve ter uma diminuição na minha privacidade que o sistema proporciona, mas a vida é isso, a gente abre mão de algumas coisas pela comodidade de outras.
Mais uma vez o #monsterdon foi invadido por uma produção independente. Dessa vez temos um filme que alega que a terra receberá o visitante mais esquisito que já viu. A julgar pelo cartaz do filme, há pouco espaço para discussão.

Bem, vamos ao costumeiro aviso de SPOILERS Em O Homem do Planeta X (the Man From Planet X) de 1954, uma simpática e enevoada vila em uma ilha escocesa é o local onde o Professor Elliot e sua filha Enid instalaram um telescópio para acompanhar a passagem de um planeta errante pela terra. Porque instalar um telescópio em uma ilha constantemente enevoada? Bem, deve ser pra dar um clima de suspense e não para conseguir uma bela visão do céu.

Um ótimo local para se observar o céu.
Junto com o professor e sua filha há o Dr Mears, que aparentemente já teve problemas com a justiça, conforme conta o nosso protagonista, John Lawrence, um jornalista americano que chega a ilha a convite do professor e sua filha.
Talvez tenha sido por conta da versão colorizada que assisti, mas esse é realmente um filme econômico! Dava pra ver claramente que a maioria dos cenários externos eram telas pintadas, quase como uma apresentação de teatro.

Pelo menos neste filme temos uma participação feminina um pouco mais ativa, pelo menos na primeira metade do filme. Claro, ainda há a típica “donzela em perigo”, mas pelo menos não é tão clichê quanto costuma ser em filmes dessa época.
Enfim, logo temos a chegada de uma temível astronave. Só que ela não é temível, é a té razoavelmente pequena, parecendo um sorvete na casquinha que caiu no chão

Não foi um pouso macio
Logo somos apresentados a verdadeira estrela do filme, só que como a nave, ela não é tão aterrorizante quanto imaginávamos. De fato, parece uma máscara de papel machê dentro de um grande capacete em forma de bolha transparente. Ah, nada como efeitos práticos

Vá embora!
Ao se encontrar com o alienígena, Enid corre de volta a torre, castelo, enfim a morada deles entre as brumas para contar ao pai o que viu. Logo O Professor e Jack retornam ao local, para serem rendidos por um alienígena que aparentemente não sabe regular seu cilindro de ar e logo desmaia. Mas com a ajuda de Jack e o Professor ele se recupera e logo via de bom grado a masmorra (hein?) da torre, onde o professor e Dr Mears tentam estabelecer contato com a criatura.
enfim, não vou me ater aos detalhes, mas Dr Mears tenta roubar os segredos da tecnologia da criatura, mas ela foge e sequestra Enid e outros do vilarejo. Por alguma razão, nesse meio tempo o carro de Enid fica rosa, talvez ela tenha ganhado da Marykey.

Com todos sendo sequestrados e hipnotizados, Jack, coma ajuda do delegado local passam uma mensagem pedindo ajuda para enfrentar o alienígena. Logo chega a Scotland Yard e os milicos, e dão um prazo para que Jack tente resgata-los antes de destruir a nave. Jack consegue se aproximar o bastante para pegar informações com um hipnotizado Dr. Mears de que a criatura veio do planeta X para estabelecer o primeiro passo para uma invasão. Jack resgata todo mundo, mas Mears corda de seu transe e tenta voltar a espaçonave antes dessa ser destruída pela bazuca do milicos. No final das contas o tal planeta X passa pela terra sem maior perigo e o filme termina por ai. Não é um grande filme, mas é divertido e se você estiver de bom humor, pode render boas risadas.

The Man from Planet X está disponível no Internet Archive e tem 100% no tomatômetro (vai entender) e 39% no pipocômetro do Rotten Tomatoes
#monsterdon #themanfromplanetx #terror #horror #filme #opiniao #review
Uma coisa bem comum nos filmes que assistimos no #monsterdon é a trilha sonora anticlimática. É muito estranho estar assistindo um filme que, supostamente, deveria nos dar medo, com uma animada fanfarra já rolando nos seus créditos iniciais. Não que isso não possa acontecer, claro! Deve ter acontecido, mas me parece que hoje em dia isso é feito melhor, a gente fica mais tenso desde o inicio do filme, já ficamos no “clima” por assim dizer.
“Grizzly, a força assassina” (Grizzly, 1976) é mais um exemplo dessa estranha predileção desses cineastas de terror de segunda categoria. Neste filme, temos um alegre parque, tipo reserva natural tipicamente americano, onde as pessoas vão acampar entre as montanhas e florestas de pinheiros e, claro, onde tantos filmes de terror começam. O filme é um claro reaproveitamento da ideia de “Tubarão” (que admito, não sei se é original), mas mudando de bicho e local.

Para não perder o costume, aqui vai o costumeiro aviso de SPOILERS a frente.
![]()
Agora você não me escapa
Logo no inicio do filme, temos duas garotas acampando no parque que são atacadas, em plena luz do dia pelo nosso peludo protagonista, um urso pardo de quase 5 metros e meio de altura e quase uma tonelada de peso, segundo a sinopse do filme. infelizmente nesse momento não vemos nosso estimado caniforme. Mas pelo menos temos a “urso-visão” como eu batizei em que podemos ter o ponto de vista do ursão. Pelos sons que ele faz, certamente uma bela sinusite eve tê-lo deixado assim para ele resolver curtir atacar os campistas por ali.

* “Veja se estou com bafo, por favor.” *
Com esse ataque somos apresentados ao time de heróis locais, os guardas florestais liderados por Michael Kelly, nosso fumante protagonista. Alias, nesses filmes dos anos 70 sempre me surpreendem pela quantidade de cigarros e bebida que os personagens consomem. Não sou um membro dos rosacruzes para pregar, mas acho que isso é um sinal dos tempos de como essas coisas hoje em dia são vistas com outros olhos. Também temos o piloto de helicóptero Don e o naturalista Arthur. Havia uma fotografa que devia ser o interesse romântico de Kelly, mas ela desaparece do filme da metade pro final, algo razoavelmente típico e misógino desses filmes. E já que estamos no assunto, também não temos nenhum preto ou qualquer outra etnia. E isso porque logo no inicio do filme Don avisa que aquela é uma área de nativo-americanos.Nesse sentido o filme é 100% WASP
O filme também tem citações memoráveis (só que não). em certo ponto, uma criança é atacada e perde parte da perna. Ao ser resgata, alguém pergunta a Kelly, o chefe da guarda florestal se a vítima está bem e ele responde “a parte dela que sobreviveu, sim”

Eu sobrevivi a um ataque de urso para morrer na cena seguinte. De um novo ataque de urso
Bom, finalmente depois de deixar algumas vítimas pelo caminho, incluindo o naturalista amigo de Kelly, escapar de caçadores e “derrubar” um helicóptero (o.k., o helicóptero estava no chão, mas ele atacou e inutilizou o helicóptero, aparentemente) nosso querido primo do Ursinho Puf é desintegrado com um tiro de RPG (uma espécie de bazuca, para os leigos) em um típico final apressado destes filmes.

Tenho quase certeza que essa não é uma forma adequada de se manusear uma arma de fogo
O.k., esse é fim desse suposto tubarão que se passa na floresta. Não contente, o filme depois gerou uma continuação chamada “Grizzly 2: Revenge” de 1983 com um elenco premiado, incluindo George Clooney, Laura Dern, Charlie Sheen e John Rhys-Davies. Com certeza não foram lançados ao estrelato por conta desse filme.
Disponível em inglês no youtube de forma gratuita.
Grizzly tem 45% no tomatômetro e 32% no pipocometro do Rotten Tomatoes

Depois de um looongo inverno, pelo menos se você está, como eu, no hemisfério sul, estou aqui de volta soltando algumas idéias soltas nesse blog, junto com um excesso de virgulas que me é peculiar.
O motivo da pausa, a quem possa interessar foi para repensar o uso dessa ferramenta. Gosto do writefreely, mas a versão gratuita é bem limitada, e no momento não me vejo propenso a pagar. Gostaria é de ter meu próprio domínio, e hospedar um writefreely diretamente lá. Enquanto não rola, vou voltar a postar por aqui.
De volta ao post, embora o título deste possa ser muito auspicioso para alguns, não falarei do filósofo, economista, teórico político, revolucinário socialista entre outros títulos atribuidos a este mais famoso. Falarei de outro Marx, o ator e comediante estadunidense Groucho Marx.
Recentemente me peguei novamente lendo sua autobiografia. É um hábito pegar para reler nos ultimos, sei lá, 20 ou 30 anos, mais ou menos. É uma leitura segura que normalmente uso para “tirar o bode” dos aborrecimentos e ansiedades diárias.
Comecei ~pirateando~ lendo uma edição que apossei de meu irmão mais velho, quando ele saiu de casa. Não me lembro bem como me deu a curiosidade de lê-lo, mas acho que foi por conta de um livro de citações que eu ganhei, e que tinham várias citações dele que me faziam rir, como “Eu nunca faria parte de um clube que me aceitasse como sócio” ou “Eu nunca esqueço um rosto, mas no seu caso, vou fazer uma exceção.”. Depois de uns anos tomei vergonha na cara e adquiri a minha propria edição de um sebo via internet.

Felizmente minha edição está um pouco menos sofrida que essa
Sua autobiografia é divertida, mas com o tempo e a maturidade, fui lendo melhor alguns vernizes que o tornam um típico home do seu tempo. É importante levar em conta que o autor nasceu em 1890, e já tinha uma carreira teatral antes da primeira guerra mundial. Ele e seus irmãos já eram grandes astros da TV e cinema na altura da segunda guerra mundial. Como tanto, temos durante o livro, além de ótimas e engraçadissimas histórias pessoais e do show business muita misoginia, como no trecho em que ele conta sair com uma garota após o fim do seu primeiro casamento, tratando-a como tola por deixar a mãe aparecer a ele como um pretendentente “Uma garota esperta que deseja se casar normalmente é matreira o bastante para esconder sua velha mãe até que tenha tido tempo de arrancar um Buick e um anel de noivado de sua pretendida vítima”. Claro, se você já assitiu algum filme dos irmão marx essa misoginia fica evidente, como em Diabo a Quatro (Duck Soup) seus ataques a personagem de Margaret Dumont quase sempre toma a forma de um ataque em seu status como mulher.
Mas como disse, ele é um personagem de sua época, e embora isso não justifique nada, ajuda a entender o contexto em que ele estava inserido. É um livro divertido, com diversas histórias que até hoje me arrancam risadas quando estou lendo, ainda que eu tenha ficado mais crítico a estes comportamentos que estão escritos ali e que antes eu não identificava.
Também é notavel nessa autobiografia a ausência de maiores informações sobre sua vida pessoal familiar. Quer dizer, sobre a família “pais e irmãos” até temos bastante informação. Sobre seus casamentos e filhos e que a coisa é bem escassa. Há uma citação a seu filho mais velho, Arthur durante o livro e um capítulo inteiro dedicado a Melinda, sua filha mais nova, já de outro casamento, de resto ficamos com histórias sobre apresentações, filmes, rádio e TV e sobre algumas das estrelas com qual ele topou nos ditos “anos dourados” de Hollywood.
Ainda assim, recomendo bastante, mesmo com essa ressalvas. É um personagem importantíssimo e que até hoje influencia muito da comédia que é produzida, talvez tanto como Chaplin, ainda que não seja tão reconhecido mundialmente, sua rapida metralhadora de palavras deve ter sido alguma influência para uma série como “Gilmore Girls” incluindo ali todas as referências obscuras.
Em tempo, enquanto me perturbava digitando essas palavras, descobri que há uma biografia recente, de 2016 por Lee Siegel, chamada “Groucho Marx, the comedy of existence” que pretendo conseguir ler um dia.
Como de costume, as votações para o Monsterdon nos levam muitas vezes a filmes extremamente obscuros. Qualquer dia vou propor um filme do Afonso Brazza ou do Zé do Caixão para esse pessoal.
Entretanto, não foi dessa vez ainda, e assistimos a um genérico monstro do pântano em “Bog” de 1979. Um filme de horror independente, com uma qualidade de VHS do inicio dos anos 80
A premissa do filme é muito simples. Durante uma pescaria com dinamite(!) uma criatura da era glacial e despertada e passa a aterrorizar um lago. A partir daqui seguimos para o inevitável aviso de —–===SPOILERS===—- O filme começa a partir dessa premissa incrível, com o nosso indômito pescador sendo derrubado do barco, enquanto algo corre na floresta.
Ah sim, nada como dinamitar o lago
Depois somos jogados para tomadas aéreas que parecem de arquivo mostrando pessoas se divertindo no lago, casas, etc, até nos focarmos numa velhíssima station wagon toda equipada cruzando as estradas cheia de mato para todo o lado, enquanto toca “Walk with me”.
Finalmente a canção e a as imagens acabam e somos introduzidos a dois casais de meia idade extremamente irritantes que saltam do carro e encontram o barco abandonado com dinamite. Os maridos “espertões” decidem tomar o carro e montam acampamento.

As esposas.
Obviamente, a partir daí começam os ataques de uma estranha criatura, que deixa suas vítimas completamente sem sangue e ataca especialmente mulheres. Logo a polícia entro ano caso e somos introduzidos ao que pode ser considerado o trio principal de protagonistas, o Xerife, Dr Brad que parece ser algo como um prefeito e sua esposa, a legista Ginny. Ao contrário do que ficaríamos acostumados, especialmente em filmes slashers dos anos 80 e 90, aqui não temos os famosos adolescentes transantes na floresta enquanto são caçados e mortos um a um. Não, se tem uma coisa que podemos dar o braço a torcer nesse filme é que não há etarismo. Não sei dizer se nessa época são pessoas pareciam mais velhas do que realmente eram, mas grande parte d elenco parece estar na casa ali dos 50 anos de idade. Amigos do diretor? Atores nessa idade eram mais baratos? Vai saber.
“Droga Brad, eu sou legista, não atriz!”
Bom, o filme continua se desenrolando, com os viúvos das primeiras vítimas, os dois manés do inicio do filme exigindo que a polícia faça algo. O Xerife todo orgulhoso manda enviarem explosivo plástico para o lago e dá o caso como resolvido. Ledo engano, logo ele ouve tiros, e os dois manés são as mais novas vítimas, junto com um dos policiais. Enquanto isso, por alguma razão entramos num interlúdio romântico entre o nosso casal de protagonistas de meia idade, Dr Brad e Dra Ginny. Felizmente não precisamos vê-los chegar nas vias de fato
“O Boston Medical Group pode ajuda-los”
No meio dessa toada, aparecem dois mergulhadores, amigos do Xerife que se propõe a mergulhar no lago para ver se encontram algo. Eles encontram uma coisa que parece ser um monte de bolhas feitas de garrafa pet com algumas algas, mas são rapidamente atacados pelo monstro e pela trilha sonora, com uma fanfarra bem genérica para esse tipo de filme.
Rapidamente, nosso par de cientistas descobrem que se tratam de ovos da criatura e resolvem chamar mais um amigo cientista para vir dar uma olhada. Enquanto isso a criatura invade o laboratório na calada da noite para recuperar seus “bebês”.
Ovos da criatura? Poluição?
Bom, nosso audacioso casal de cientistas, com o apoio de populares enfurecidos desenvolve um plano para capturar a criatura espalhando um cheiro similar a sangue na floresta. Funciona, mas o Xerife resolve dar uma de caubói e acaba morto pela criatura. Uma estranha eremita que vivia perto do lago tenta alertar a criatura da armadilha, mas é morta pela polícia, num claro excesso de violência policial. Enfim, a criatura é capturada por conta de alguma substância química similar a espuma desenvolvida pelo nosso casal de gênios. Finalmente podemos ver alguma coisa da criatura, que é capturada com vida.

Nosso monstro pantanoso, num belo banho de espuma
Com achegada de mais um cientista-piloto (afinal, chega de hidroavião) nosso grupo formula a louca teoria de que a criatura havia inoculado a eremita da floresta para, de alguma forma “compatibilizar fluídos corporais” (parece cantada barata) e se reproduzir. Infelizmente o filme só para quando a criatura morre! Eventualmente ela escapa e captura Ginny, possivelmente para arrumar uma nova esposa de monstrinhos.

“Qualé Ginny, venha conversar...”
Mas ela é salva pelos nossos não tão jovens cientistas quando era levada ao pântano pela criatura, que é morta quando um dos policiais choca sua viatura coma criatura e essa começa a pegar fogo. Aparentemente, monstros do pântano são altamente inflamáveis quando sofrem uma colisão.
Tudo resolvido, mas no fundo do lago restam os ovos da criatura, e somos provocados com um “the end?”. Felizmente, isso parece ficar só na provocação e não temos um “Bog 2' ou “O Retorno de Bog”
Eu peguei uma cópia que “caiu do caminhão”, mas segundo o Just Watch pode ser assistido no Prime Vide.
Bog tem 14% no pipocômetro do Rotten Tomatoes
#monsterdon #opiniao #filme #bog #bog1979 #terror #horror #monstro #pantano
Antes de me tornar pai pela primeira vez me lembro muito de julgar outras pessoas com filhos. Lembro de como fiquei horrorizado a primeira vez em que vi uma criança usando aquela espécie de “coleira-colete” com uma guia para o pai, ou de pais alegremente conversando enquanto a babá, mais atrás empurrava o carrinho com a criança, como se não fosse incomodar. Várias coisas desse tipo ainda me incomodam hoje em dia, mas mantenho minhas críticas entre eu e minha esposa. A verdade é que, depois que nossa primeira cria nasceu, sentimos que cada um sabe o que é melhor para os seus, independente da minha opinião. (O que claro, não invalida a opinião que compartilho com meu irmão de que as pessoas deveriam fazer curso e prova para se tornar pais e mães, muito similar a tirar uma carteira de habilitação).
Nada mais clichê para um blog do que usar o batido ditado “cada um sabe onde o calo aperta” ou algo assim.
Com o uso de ferramentas digitais, não é muito diferente. Claro, o tempo mudou muita coisa. Minha primeira experiência com computador em casa foi com o nosso saudoso Gradiente Expert, lá pelos meados da década de 80. Um computador pessoal compatível com o padrão MSX do qual me arrependo amargamente de termos vendido.
Comparativamente, hoje em dia temos a coisa bem mais fácil de acessar. Crianças tem contato logono inicio com os celulares dos pais, com uma curiosidade imensa de ver fotos ou outras pessoas por videoconferência, e logo ficam tão vidradas naquela lamina de plástico, metal e vidro quanto seus progenitores. E aí começamos a ceder para ter um pouco de 'sossego'. Normalmente a coisa começa em Galinha Pintadinha e Bitta, e depois evoluem para “drogas' mais pesadas, como Peppa, ou até mesmo algum youtuber, ou até vários se você tiver menos sorte (como eu).
E com isso vieram várias obras em todosos gostos e sabores sobre os malefícios do uso de telas. Eu pessoalmente li “A Fabrica de Cretinos Digitais” do francês Michel Desmurget que foi razoavelmente assustadora para mim, embora não concorde com os autores em todos os pontos.
O importante é que precisava de uma ferramenta para regular não só do tempo gasto, mas garantir que tivessem, pelo menos, acesso a um conteúdo mínimamente adequado a suas idades, ainda que isso implicasse em delegar essa definição de adequação a terceiros. Foi ai que começamos a pesquisar sobre ferramentas de controle parental. Talvez o nome pareça estranho se nunca tiver topado com ele, mas nada mais é do que uma ferramenta que permite aos pais algum controle sobre os dispositivos dos filhos, supondo que estes tenham um.
Como um partidário do software livre, logo procurei no alternativeto.net algo em software livre que pudesse atender minha demanda para nossos pequenos usuários de android aqui em casa. Não foi uma pesquisa muito feliz. Existem poucas alterantivas adequadas. A maioria faz algum controle de tempo, mas coisas puco eficazes. Muito a contragosto, me rendi a “gratuidade” da BigTech e passamos a usar o Family Link, parte da solução do google para controlar contas infantis. ainda que não seja tão poderoso e granular em seus controles quanto soluções de outras empresas mais especializadas no ramo como o Qustodio e o Karspersy safe kids era o que tinhamos de melhor e mais nativo ao uso que eles faziam.

Diversas telas do family link
O sistema é relativamente simples. Após criadas contas google para as crianças ( o que não deixa de ser temeroso, saber que desde a mais tenra infância uma das bigtechs já consegue farejar o rastro digital de meus filhos), basta criar um grupo familiar, e separar em contas de pais e filhos. Nesse sentido, a cosia fica interessante, já que os pais podem dividir entre si e atender as necessidades de alguma configuração ou (normalmente) liberação de tempo ou instalação de algum software pelo seu aplicativo de pais. No dispositivo das crianças, e instalado talbém o software, que se engarrega de “impor” as configurações feitas para os seus dispositivos.
No android e chromebooks, é um sistema eficiente, você pode definir o tempo de uso, se a criança pode instalar de forma autonoma algum app no aparelho, pode segmentar o tempo por aplicação, verificar em que local o aparelho se encontra (supondo que o mesmo tenha o GPS ativado e tenha um chip de dados ou pelo menos conectado a um wi-fi), fazer o aparelho “apitar” (muito útil quando eles não sabem onde está, ou seja, quase sempre) e filtrar alguns tipos de conteúdos do próprio google, como youtube, acesso a sites e algumas regras de busca. Em comparação a aplicativos mais competentemente voltados para esse fim, não temos aqui uma regulação do que está sendo acessado dentro de um aplicativo específico, por exemplo, whatsapp, tiktok, instagram ou algo assim, mas para o básico, ele dá conta.
Infelizmente, no caso de controle parental no computador, usamos Linux aqui em casa, então o Family link no máximo regula alguma coisa ali dentro do navegador google Chrome. Para este caso de uso em específico, ainda estou em busca de uma ferramenta que me atenda, já que as que encontrei até agora, no máximo controlam tempo de uso e nem sempre funcionam tão bem.
o #monsterdon nos leva a filmes esquisitos de vez enquando. A ultima produção que assistimos foi a coisa mais pretensiosamente cult que tivemos o “prazer” de assistir.
Normalmente, nosso sofrimento autoimpigido é recompensado pelo divertida troca de mensagens que fazemos enquanto o filme se desenrola. Esse ultimo, entretanto foi difícil até fazer graça, não que fosse ruim. filmes ruins podem ser divertidos. Não que fosse bom também (muito pelo contrário), mas talvez porque o filme tenha tentado ser muito mais do que realmente é. A engenhosa obra a que me refiro aqui é “Drácula contra Frankenstein” cuja a curta sinopse no IMDB foi um aviso do que vinha a seguir. Vamos ao velho aviso de —==SPOILERS==— embora eu não recomendo que você se sujeite a esse filme.

Esta produção ibero-franco-luso-liechtensteinense (admito, procurei na wikipedia) se inicia numa sequencia de imagens de uma pequena vila em algum interior europeu. Na versão que assisti, os créditos estavam em francês e o título era algo como “Drácula prisioneiro de Frankenstein”. A partir daí somos “brindados” com cenas brumosas de um castelo. Daí pulamos para o interior de um bar/taverna fechado, onde uma moça passa por dentro do local, seguido pelo o que se supõe ser o ruído de morcegos, dado que a câmera filma o que provavelmente era um morcego de borracha batendo contra uma janela. Daí temos um festival de cenas entrecortadas. Temos um gato preto arrepiado, cão latindo, pássaros voando numa cena noturna extremamente ensolarada, cavalos nervosos e uma sequencia de zooms enervantes que vai dando a tônica para o resto do filme. A impressão logo no inicio é que é um projeto final do curso de cinema em que o aluno certamente terá de refazer seu projeto final.

Querida, cheguei!
ai temos um rápido vislumbre do Drácula da vez, já prevendo que a mocinha que se desnuda na tela em breve vai virar mais uma vítima do vampirão. Daí já passamos pros flashes do que deve ser o ator que faz o Drácula lambendo o pescoço da vítima, uma pequena marca de sangue, sem furos no pescoço dela, mais gato, mais morcego de borracha!
Pulamos para a opulenta residência do Dr Seward, que só podemos chutar que é ele por conta de uma rápida placa filmada. Sua esposa tem um vislumbre do Drácula, mas aparentemente as coisas ficam por isso mesmo. (não me culpe, o filme é assim mesmo, vai entender!)

a senhora Seward
No outro dia, Dr Seward sai de casa, aparentemente ele é o especialista local em ataque de vampiro. finalmente com 8:40 de filme temos a primeira vez que alguém fala, ainda que não seja um diálogo em si. Esse filme poderia ter sido facilmente feito no tempo do cinema mudo. finalmente após uma looonga cena de Dr Seward na carroça, cavalos, trote, Dr Seward, traseiros de cavalos e isso se alongando por muito mais tempo do que devia, ele chega ao castelo. Daí, com um martelo pequenininho, daqueles de ortopedista ele mata o nosso Drácula. Por sinal, esse Drácula, que voltará mais tarde é um incrível ator, Deve ser o ator mais incapaz de expressar qualquer emoção do muito, pois ele fica ali, o tempo todo com olhos arregalados e a boca semiaberta com um conjunto de caninos que faria o Matosão da novela “Vamp” orgulhoso

Esse aí me representa!
Depois dessa morte vergonhosa que o Drácula sofre, ele vira um pequeno morceguinho, que desconfio não ter a aprovação da sociedade protetora dos animais local.
Depois passamos ao núcleo cigano desta novela, liderados por Amira, que fala sobre sal, terra, vento e vê o futuro nas cinzas. Eles moram ali no pé do castelo do Drácula, afinal porque não né?
Por fim, temos o “Igor” da vez, o assistente todo travado de Frankenstein que entra no bar procurando o castelo do Drácula. Esse talvez seja o cara que mais se esforça pra atuar no filme
Talvez eu tenha me esquecido de citar, mas durante o filme temos a narração em 'off' do Dr Frankenstein. Ele finalmente se torna o novo inquilino do Castelo do Drácula e tira a estaca de prata do pequeno morceguinho de borracha. Tudo que ele precisa agora é que seu monstro de estimação, o frankenstein mas mal-maquiado que já vi capture uma jovem donzela. Nesse caso, ele abre caminho para pegar uma artista de um triste espetáculo de burlesco.

grandes efeitos especiais
em mais uma cena que não deve ter sido aprovada por qualquer organização de defesa dos animais, temos uma cena de um morceguinho de verdade bebericando um liquido vermelho dentro de um pote de vidro. O pote vai se enchendo de “sangue” até que o animal está praticamente se afogando ali dentro e PUF, aparece o lorde das trevas, tão estático quanto antes. Por alguma razão ele não sai atacando o Doc Frank, não. ele fica ali, deitadão e agora sob o comando de Doc Frank, que quer criar um poderoso exército de vampiros para controlar a humanidade. Sua primeira vítima? a esposa do Dr Seward, que passou boa parte do filme gritando e se debatendo.
Nesse meio tempo, descobrimos que havia um caixão que o bom Doc Frank não havia notado, e que tinha uma vampira loira ali dentro. Ela sai voando por aí e morde a líder dos ciganos.

Eu também quero sair mordendo por ai
Pode parecer uma confusão, e é, mas uma confusão muito lenta, cheia de cenas brumosas do castelo, da vila e zoom in, zoom out.
Seward descobre que sua esposa foi mordida por Drácula e resolve leva-la para combatê-lo. No caminho, Seward leva uma coça de respeito do Frankenstein (o monstro) e sua esposa é capturada e finalmente vampirizada pra acompanhar Drácula em busca de mais vítimas

é de fazer orgulho a Chapolin
Seward é resgatado pelos ciganos, na qual a líder dos ciganos faz uma previsão que só ele pode derrotar Frankenstein e Drácula. Para ajuda-lo ela convoca o homem-lobo. É isso, ai, temos um autentico Lobisomem tão bem maquiado quanto Frankenstein. Enquanto esses lutam, Seward fica ali na noite, pensando na vida.

era pra ser um lobisomem...
enquanto isso, a vampira-loira, meio ciumenta do Drácula ter uma nova companheira, vai ali e mata o assistente de Doc Frankenstein, vai ver pra matar a fome.
O Laboratório é invadido pelo morceguinho da vampira loira, Doc Frankenstein decide torrar a vampira com um choque de seus equipamentos. Ele se sente traído por Drácula e decide encerrar a parceria deles matando Drácula, para o horror de Frankenstein

Quando finalmente Seward decide liderar os ciganos para invadir o castelo, encontram o esqueleto branquíssimo de sua esposa e de Drácula em seus caixões, e por alguma razão Seward acha que é mérito dele.

Enfim mortos
Dracula Contra Frankenstein tem 4,2/10 no IMDB
Recentemente, escutando o ultimo episódio do podcast Darkent Diaries Ep 159: Vastaamo e me dei conta de como a maioria das pessoas se deixa levar pela falácia do “eu não tenho nada a esconder”. Uma atitude bastante perigosa hoje em dia, quando quase tudo está passível de ser digitalizado e essas pessoas não se dão conta de que, uma vez que a coisa está publicada na internet, você não tem mais controle sobre ela. Este post mesmo, eu posso até excluí-lo do meu blog, mas isso não impede que possam ter havido cópias dele, que ele possa ter sido absorvido sem a devida autorização ou solicitação. O mesmo acontece com nossos e-mails, conversas (mesmo as criptografadas, mas abordaremos esse assunto em outra oportunidade), fotos, vídeos, curtidas, etc.
Mas voltando ao episódio em questão, o narrador pergunta, “qual seria o pior tipo de vazamento de dados?” Eu posso pensar em alguns exemplos, que perturbariam até as que dizem “não ter nada a esconder”.
Um particularmente danoso para os envolvidos foi o chamado “Caso Ashley Madison”, a ponto de ter virado uma minissérie documental no netflix (verdade seja dita, o que não vira documentário no netflix atualmente?). Em 2015 a empresa, uma espécie de rede social para casos extraconjugais, sofreu um desastroso vazamento de dados, em que foram extraídos dados pessoais de usuários, inclusive de cartões de crédito. Os dados revelavam quem eram os clientes da empresa, a grande maioria homens, muitas figuras públicas foram expostas como adúlteras. Inclusive, segundo o site hypersicence.com (particularmente não conhecia o portal. Topei com ele enquanto redigia esse post)cerca de 1500 e-mails .gov.br estavam cadastrados na plataforma, o que no mínimo deve configurar como um uso não previsto de um e-mail funcional. O caso levou a pelo menos um suicídio, por conta da repercussão.
Ainda assim, há quem diga “Bem feito” e não se veja ameaçado por esse tipo de exposição. Bom, exemplos dos mais variados não faltam. Houve, em janeiro de 2021 o vazamento de dados pessoais de mais de 223 milhões de brasileiros, em um caso que ainda está sendo ativamente investigado plea ANPD, composto por dados como CPF, nomes, endereços de e-mails e telefones. Muitas vezes as pessoas se sentem protegidas pelo fato de não serem importantes ou não serem “milionárias” para ser alvo desse tipo de ataque. É uma confortável mentira que contam para si mesmas. Na maioria das vezes, quem usa esses dados faz ataques massivos, muitas vezes automatizados, não se importando com a situação particular de ninguém. O objetivo é tentar abrir contas, fazer empréstimos ou mesmo usar os dados para algum outro tipo de ação. Quem ignora esse risco está sendo... bem, ignorante nesse sentido :)
Dentro disso tudo, o caso relatado no episódio durante a entrevista com jornalista Joe Tidy, que está lançando o livro Ctrl+ Alt+ Chaos é um dos cenários mais perturbadores de exposição de dados pessoais que poderia acontecer, e poderia de certa forma, acontecer com qualquer um de nós.
O vazamento de dados da Vastaamo, uma empresa privada finlandesa que prestava assistência psicoterápica para seus clientes é grande o bastante a ponto de ter um verbete na wikipedia. O que diferencia esse vazamento de tantos outros é que os dados vazados não eram só dados cadastrais de seus clientes. Os terapeutas nessa empresa usavam um sistema eletrônico para registrar seus atendimentos, inclusive anotações pessoais dos terapeutas sobre seus clientes ou sobre os relatos que estes faziam. Imagine, ter seus relatos mais íntimos, contados na privacidade entre paciente e terapeuta disponíveis na internet para quem quisesse ver. Por semanas, o responsável pelo vazamento tentou chantagear a Vastaamo, liberando 100 registros por dia quando não era atendido. Até que por engano, publicou, durante algumas horas, todo o conjunto de dados de cerca de 33 mil pacientes desta clínica. E ao falhar na chantagem, ele resolveu, de forma automatizada, chantagear cerca de 27 mil e quinhentos clientes dessa empresa dos quais ele possuía os e-mails, ameaçando revelar seus dados.
Talvez no contexto brasileiro, 33 mil pessoas pode não ser lá muita gente, mas pense que a população finlandesa é de cerca de 5 milhões e meio de pessoas. Numa conta de papel de pão, praticamente 1 a cada 166 finlandeses teve seus dados vazados. Praticamente todo mundo conhecia alguém que conhecia alguém que era cliente dessa clinica.
Aqui temos o pior exposto ao ditado que diz “uma vez na internet, sempre estará lá, em algum lugar”. Provavelmente esses dados circulam e são armazenados por pessoas até hoje, sabe se lá com que fim.
E é por isso que sempre devemos ter muita consciência do que voluntariamente disponibilizamos na internet, já que muita coisa também fica digitalizada e passível de exposição a nossa revelia.
Devemos cuidar bem de nossos dados. Muitos dizem que a privacidade esta morta, mas ainda assim temos cortinas em nossas casas. Em ultimo caso, seja você um modernoso sem cortinas, podemos ir para exemplos mais diretos. Você normalmente fecha a porta do banheiro quando o usa, usamos roupas, temos conversas em particular, quando revelamos coisas que não gritamos ao s quatro ventos. A privacidade é um direito inerente ao ser humano, ainda que ultimamente pareça que estamos tão dispostos a abrir mão dela, não estamos de fato conscientes quanto como ela fará falta se algum dia nos vermos sem poder contar com um misero cantinho privado com os nossos pensamentos.
Deixo como sugestão o TED Talk Por que privacidade importa do jornalista Glenn Greenwald, o verbete na Wikipédia sobre a falácia argumentativa do nada a esconder e o link para o paper 'I've Got Nothing to Hide' and Other Misunderstandings of Privacy
Agradeço ao site Privacidade.digital como importante fonte de conhecimento na redação deste post e ao próprio episódio do podcast Darknet Diaries que entre tantos outros episódios me ajudaram a formar uma consciência sobre o assunto
#seguranca #ciberseguranca #opiniao #hack #vastaamo #darknetdiaries #privacidadedigital
Novidades para aqueles, que, como eu, preferem a versão FOSS mais próxima do minecraft para seus filhos jogarem.
Recentemente, no debian 13 trixie os pacotes do minetest passar a se chamar Luanti. Uma otima atualização para ficar mais próximo do jogo, mas um arraso para quem rodava servidores hospedados na versão antiga. Várias coisas mudaram de lugar, e um bom resumo das alterações pode ser encontrado no Readme do pacote luanti-server.
Aqui em casa, além do jogo normal, gostamos de rodar as versões VoxeLibre e Mineclonia ambas com uma proposta mais próxima do Minecraft.
Para fazer a coisa “acontecer”, supondo que você já tenha instalado o pacote luanti-server, montei o servidor da seguinte forma.
em /etc/luanti foram criados dois arquivos para cada jogo. Usando o mineclonia como exemplo, criei os arquivos mineclonia.conf com o seguinte conteúdo:
> prometheuslisteneraddress=0.0.0.0:30001
map-dir=/var/lib/luanti/mineclonia/world
name=rico
port=30001
default_game=mineclonia
e um mineclonia.env com o seguinte conteúdo:
> LUANTI_GAMEID=mineclonia
feito isso, é hora de obter a versão do Mineclonia em questão do git na pasta correta. Penei um pouco para achar, mas deve ser feito em /var/lib/private/luanti
git clone https://codeberg.org/mineclonia/mineclonia.git
após clonado, recomendo mudar o proprietário e grupo para luanti-server atráves do comando chown -Rf luanti-server:luanti-server /var/lib/private/luanti/mineclonia
Feito isso, basta iniciar o servidor via systemctl da seguinte forma
systemctl start luanti-server@mineclonia
o @mineclonia que compõe o comando refere-se ao arquivo .conf criado em /etc/luanti.
Pronto, com isso você deve levantar um servidor com consideral menos esforço que eu. Fique de olho no parâmetro port=e no prometheus_listener para não tentar levantar o servidor em uma porta já utilizada.
Boa jogatina e divirta-se!