Penteados e demônios
ah, os anos 80. Crianças sem supervisão, penteados esquisitos, roupas com cores berrantes e sintetizadores por toda parte. Guerra fria e linhas bem determinadas entre mocinhos e bandidos (ou a gente achava isso, que inocentes!)
Enfim, no #monsterdon dessa semana, no melhor estilo Sessão da tarde essa “galerinha do barulho vai aprontar altas confusões abrindo as portas do inferno”. Estamos falando de “O Portão” (The Gate), de 1987.
É um daqueles filmes de horror bem típico dos anos 80 como “A Coisa” ou “A Hora do espanto”. Apesar de ser um filme de terror com algum gore não parece ter sido feito mirando um público muito adulto (censura 13 anos nos EUA), pois o filme não contem nenhuma cena com conteúdo mais “sexual” como normalmente ocorre em filmes como a série “Sexta-Feira 13”.

Inclusive, algumas cenas e a tipografia do filme parecem ter sido, junto com o resto dos anos 80 uma inspiração para a série Stranger Things.
Aviso, daqui para frente podem haver —==SPOILERS==—
O filme se passa em um típico subúrbio americano da época. Após um pesadelo, Glen, nosso protagonista vê que a árvore em seu quintal com uma casinha foi derrubada e operários estão removendo o que sobrou. A partir daí somos apresentados ao que vai completar o trio de protagonistas, a irmã mais velha Al e o amigo meio biruta (pra ficar nos anos 80), Terry.
Investigando o buraco, Glen e Terry acham algum geodos que eles acham que podem render uma boa grana. Ao abrir o maior deles, coisas estranhas começam a acontecer. Infestação de insetos, barulhos estranhos, coisas quebrando sozinhas, penteados estranhos, pesadelos com pessoas mortas, animais domésticos mortos, todo o tipo de perturbação.

Quem vai ficar com Mary?
Felizmente, Terry, o amigo “doidinho” do protagonista principal descobre, graças a um album de uma banda de heavy metal que ele estava ouvindo que eles abriram um portal para o inferno, e que agora precisam fecha-lo. Aparentemente bandas de heavy metal e demônios andam de mãos dadas para esse pessoal a muito tempo. Felizmente o encarte do album é bem completo, e inclui as instruções do ritual para banir os demônios. A má notícia é que os demônios sabem disso, e mandam e queimam o álbum. Parece que pastores neopentecostais e demônios tem mais em comum quando se trata de heavy metal do que poderiamos supor!
A partir daí as crianças são atacadas por pequenos demônios que variam entre truques de perspectiva com pessoas fantasiadas a stop motion de pequenos demônios. Em questão de efeitos práticos, esse filme está bem servido. Temos vários truques de câmera e outras soluções bem criativas para uma época anterior aos efeitos digitais que são admiráveis, em especial para um filme relativamente modesto como esse.

Felizmente, como boa família cristã que são, as crianças acham uma bíblia e lendo alguns salmos, aparentemente salvam o dia dos mini-demônios, que são quase fofos dada a sua altura diminuta.
Tudo parece resolvido então, mas ainda faltam 20 minutos de filme, então vamos ao caos de verdade. A irmã e o amigo de Glen são capturados por zumbis que saem da parede e o grande rei dos demônios, que parece uma versão em grande escala de uma das minhocas alienígenas de MIB aparece em um grande buraco do piso da sala, sacudindo nosso protagonista de um lado para o outro, até larga-lo, desinteressado. Tudo bem que o moleque não é um grande ator, mas isso é insultante vindo de uma grande minhoca de stop motion. Enfim, Glen se lembra de que o ritual falava alguma coisa sobre o poder do amor, e explode a minhoca-demônio com um foquete de brinquedo cheio de pólvora de verdade e seu real amor pela irmã e pelo amigo, e tudo volta a ficar bem, com exceção da casa arrasada.
Queria ver como os pais vão explicar essa para o seguro, visto que o sobrenatural normalmente não é coberto por essas apólices, a não ser que você inclua a cláusula armageddon.

Demônios expulsos e casa destruída. Rolem os créditos!
Enfim, o filme é divertido. A versão que eu peguei tem uma dublagem horrorosa, então se puder, procure uma versão legendada. Não é um filme difícil de se encontrar pelas interwebs por aí
Pontos fortes
- Bons efeitos práticos, dadas as limitações da época e de orçamento;
- Um roteiro relativamente consciso na minha opinião;
- Tudo grita anos 80 na sua cara;
Pontos fracos
- Os poucos efeitos digitais tipo bluescreen/greenscreen são bem ruins;
- Tudo realmente grita anos 80 na sua cara;
Serviço
O Portão tem 36% no tomatômetro e 45% no pipocômetro no Rotten Tomatoes
VFX Artists react iniciando com trechos de efeitos especiais do filme
O Portão dublado e completo no youtube
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