Sei lá e pans

opiniao

Uma coisa bem comum nos filmes que assistimos no #monsterdon é a trilha sonora anticlimática. É muito estranho estar assistindo um filme que, supostamente, deveria nos dar medo, com uma animada fanfarra já rolando nos seus créditos iniciais. Não que isso não possa acontecer, claro! Deve ter acontecido, mas me parece que hoje em dia isso é feito melhor, a gente fica mais tenso desde o inicio do filme, já ficamos no “clima” por assim dizer.

“Grizzly, a força assassina” (Grizzly, 1976) é mais um exemplo dessa estranha predileção desses cineastas de terror de segunda categoria. Neste filme, temos um alegre parque, tipo reserva natural tipicamente americano, onde as pessoas vão acampar entre as montanhas e florestas de pinheiros e, claro, onde tantos filmes de terror começam. O filme é um claro reaproveitamento da ideia de “Tubarão” (que admito, não sei se é original), mas mudando de bicho e local.

Cartaz do filme

Para não perder o costume, aqui vai o costumeiro aviso de SPOILERS a frente.


Agora você não me escapa

Logo no inicio do filme, temos duas garotas acampando no parque que são atacadas, em plena luz do dia pelo nosso peludo protagonista, um urso pardo de quase 5 metros e meio de altura e quase uma tonelada de peso, segundo a sinopse do filme. infelizmente nesse momento não vemos nosso estimado caniforme. Mas pelo menos temos a “urso-visão” como eu batizei em que podemos ter o ponto de vista do ursão. Pelos sons que ele faz, certamente uma bela sinusite eve tê-lo deixado assim para ele resolver curtir atacar os campistas por ali.

gostaria de ouvir a palavra do Urso do céu
* “Veja se estou com bafo, por favor.” *

Com esse ataque somos apresentados ao time de heróis locais, os guardas florestais liderados por Michael Kelly, nosso fumante protagonista. Alias, nesses filmes dos anos 70 sempre me surpreendem pela quantidade de cigarros e bebida que os personagens consomem. Não sou um membro dos rosacruzes para pregar, mas acho que isso é um sinal dos tempos de como essas coisas hoje em dia são vistas com outros olhos. Também temos o piloto de helicóptero Don e o naturalista Arthur. Havia uma fotografa que devia ser o interesse romântico de Kelly, mas ela desaparece do filme da metade pro final, algo razoavelmente típico e misógino desses filmes. E já que estamos no assunto, também não temos nenhum preto ou qualquer outra etnia. E isso porque logo no inicio do filme Don avisa que aquela é uma área de nativo-americanos.Nesse sentido o filme é 100% WASP

O filme também tem citações memoráveis (só que não). em certo ponto, uma criança é atacada e perde parte da perna. Ao ser resgata, alguém pergunta a Kelly, o chefe da guarda florestal se a vítima está bem e ele responde “a parte dela que sobreviveu, sim”

sobrevivi e morri
Eu sobrevivi a um ataque de urso para morrer na cena seguinte. De um novo ataque de urso

Bom, finalmente depois de deixar algumas vítimas pelo caminho, incluindo o naturalista amigo de Kelly, escapar de caçadores e “derrubar” um helicóptero (o.k., o helicóptero estava no chão, mas ele atacou e inutilizou o helicóptero, aparentemente) nosso querido primo do Ursinho Puf é desintegrado com um tiro de RPG (uma espécie de bazuca, para os leigos) em um típico final apressado destes filmes.

RPG
Tenho quase certeza que essa não é uma forma adequada de se manusear uma arma de fogo

O.k., esse é fim desse suposto tubarão que se passa na floresta. Não contente, o filme depois gerou uma continuação chamada “Grizzly 2: Revenge” de 1983 com um elenco premiado, incluindo George Clooney, Laura Dern, Charlie Sheen e John Rhys-Davies. Com certeza não foram lançados ao estrelato por conta desse filme.

Pontos positivos

  • O filme não enrola muito, logo o urso ataca!
  • Aproveitaram bastante o aluguel do helicóptero. É sempre bom ver um dinheiro bem-investido nessas produções.
  • visão-urso compensa a demora em aparecer.

Pontos negativos

  • o pobre urso arfa como um asmático
  • o interesse romântico do protagonista “some” da metade pro fim
  • bazucar o urso foi sacanagem

Serviço

Disponível em inglês no youtube de forma gratuita.

Grizzly tem 45% no tomatômetro e 32% no pipocometro do Rotten Tomatoes

#monsterdon #grizzly1976 #opiniao #filme #terror #urso

Como de costume, as votações para o Monsterdon nos levam muitas vezes a filmes extremamente obscuros. Qualquer dia vou propor um filme do Afonso Brazza ou do Zé do Caixão para esse pessoal.

Entretanto, não foi dessa vez ainda, e assistimos a um genérico monstro do pântano em “Bog” de 1979. Um filme de horror independente, com uma qualidade de VHS do inicio dos anos 80

Cartaz do filme

A premissa do filme é muito simples. Durante uma pescaria com dinamite(!) uma criatura da era glacial e despertada e passa a aterrorizar um lago. A partir daqui seguimos para o inevitável aviso de —–===SPOILERS===—- O filme começa a partir dessa premissa incrível, com o nosso indômito pescador sendo derrubado do barco, enquanto algo corre na floresta.

pescando com dinamite
Ah sim, nada como dinamitar o lago

Depois somos jogados para tomadas aéreas que parecem de arquivo mostrando pessoas se divertindo no lago, casas, etc, até nos focarmos numa velhíssima station wagon toda equipada cruzando as estradas cheia de mato para todo o lado, enquanto toca “Walk with me”.

Finalmente a canção e a as imagens acabam e somos introduzidos a dois casais de meia idade extremamente irritantes que saltam do carro e encontram o barco abandonado com dinamite. Os maridos “espertões” decidem tomar o carro e montam acampamento.

duas mulheres conversando
As esposas.

Obviamente, a partir daí começam os ataques de uma estranha criatura, que deixa suas vítimas completamente sem sangue e ataca especialmente mulheres. Logo a polícia entro ano caso e somos introduzidos ao que pode ser considerado o trio principal de protagonistas, o Xerife, Dr Brad que parece ser algo como um prefeito e sua esposa, a legista Ginny. Ao contrário do que ficaríamos acostumados, especialmente em filmes slashers dos anos 80 e 90, aqui não temos os famosos adolescentes transantes na floresta enquanto são caçados e mortos um a um. Não, se tem uma coisa que podemos dar o braço a torcer nesse filme é que não há etarismo. Não sei dizer se nessa época são pessoas pareciam mais velhas do que realmente eram, mas grande parte d elenco parece estar na casa ali dos 50 anos de idade. Amigos do diretor? Atores nessa idade eram mais baratos? Vai saber.

casal
“Droga Brad, eu sou legista, não atriz!”

Bom, o filme continua se desenrolando, com os viúvos das primeiras vítimas, os dois manés do inicio do filme exigindo que a polícia faça algo. O Xerife todo orgulhoso manda enviarem explosivo plástico para o lago e dá o caso como resolvido. Ledo engano, logo ele ouve tiros, e os dois manés são as mais novas vítimas, junto com um dos policiais. Enquanto isso, por alguma razão entramos num interlúdio romântico entre o nosso casal de protagonistas de meia idade, Dr Brad e Dra Ginny. Felizmente não precisamos vê-los chegar nas vias de fato

boston medical group “O Boston Medical Group pode ajuda-los”

No meio dessa toada, aparecem dois mergulhadores, amigos do Xerife que se propõe a mergulhar no lago para ver se encontram algo. Eles encontram uma coisa que parece ser um monte de bolhas feitas de garrafa pet com algumas algas, mas são rapidamente atacados pelo monstro e pela trilha sonora, com uma fanfarra bem genérica para esse tipo de filme.

Rapidamente, nosso par de cientistas descobrem que se tratam de ovos da criatura e resolvem chamar mais um amigo cientista para vir dar uma olhada. Enquanto isso a criatura invade o laboratório na calada da noite para recuperar seus “bebês”.

A poluição vai acabar com esse lago
Ovos da criatura? Poluição?

Bom, nosso audacioso casal de cientistas, com o apoio de populares enfurecidos desenvolve um plano para capturar a criatura espalhando um cheiro similar a sangue na floresta. Funciona, mas o Xerife resolve dar uma de caubói e acaba morto pela criatura. Uma estranha eremita que vivia perto do lago tenta alertar a criatura da armadilha, mas é morta pela polícia, num claro excesso de violência policial. Enfim, a criatura é capturada por conta de alguma substância química similar a espuma desenvolvida pelo nosso casal de gênios. Finalmente podemos ver alguma coisa da criatura, que é capturada com vida.

monstro espumado
Nosso monstro pantanoso, num belo banho de espuma

Com achegada de mais um cientista-piloto (afinal, chega de hidroavião) nosso grupo formula a louca teoria de que a criatura havia inoculado a eremita da floresta para, de alguma forma “compatibilizar fluídos corporais” (parece cantada barata) e se reproduzir. Infelizmente o filme só para quando a criatura morre! Eventualmente ela escapa e captura Ginny, possivelmente para arrumar uma nova esposa de monstrinhos.

ginni
“Qualé Ginny, venha conversar...”

Mas ela é salva pelos nossos não tão jovens cientistas quando era levada ao pântano pela criatura, que é morta quando um dos policiais choca sua viatura coma criatura e essa começa a pegar fogo. Aparentemente, monstros do pântano são altamente inflamáveis quando sofrem uma colisão.

Tudo resolvido, mas no fundo do lago restam os ovos da criatura, e somos provocados com um “the end?”. Felizmente, isso parece ficar só na provocação e não temos um “Bog 2' ou “O Retorno de Bog”

Pontos positivos

  • é um filme mais bem movimentado. O monstro ataca bastante.
  • Temos um filme inclusivo no sentido etário da coisa. No sentido racial temos um ator negro apenas e que morre rapidamente.
  • A criatura tem uma bela sonorização

Pontos negativos

  • A qualidade do filme em si é sofrível, não sei se pela qualidade da cópia que assisti ou se pelos equipamentos que filmaram.
  • as atuações (se é que podem ser classificadas assim) são sofríveis, junto com diálogos deprimentes

Serviço

Eu peguei uma cópia que “caiu do caminhão”, mas segundo o Just Watch pode ser assistido no Prime Vide.

Bog tem 14% no pipocômetro do Rotten Tomatoes

#monsterdon #opiniao #filme #bog #bog1979 #terror #horror #monstro #pantano

Recentemente, escutando o ultimo episódio do podcast Darkent Diaries Ep 159: Vastaamo e me dei conta de como a maioria das pessoas se deixa levar pela falácia do “eu não tenho nada a esconder”. Uma atitude bastante perigosa hoje em dia, quando quase tudo está passível de ser digitalizado e essas pessoas não se dão conta de que, uma vez que a coisa está publicada na internet, você não tem mais controle sobre ela. Este post mesmo, eu posso até excluí-lo do meu blog, mas isso não impede que possam ter havido cópias dele, que ele possa ter sido absorvido sem a devida autorização ou solicitação. O mesmo acontece com nossos e-mails, conversas (mesmo as criptografadas, mas abordaremos esse assunto em outra oportunidade), fotos, vídeos, curtidas, etc.

Mas voltando ao episódio em questão, o narrador pergunta, “qual seria o pior tipo de vazamento de dados?” Eu posso pensar em alguns exemplos, que perturbariam até as que dizem “não ter nada a esconder”.

Um particularmente danoso para os envolvidos foi o chamado “Caso Ashley Madison”, a ponto de ter virado uma minissérie documental no netflix (verdade seja dita, o que não vira documentário no netflix atualmente?). Em 2015 a empresa, uma espécie de rede social para casos extraconjugais, sofreu um desastroso vazamento de dados, em que foram extraídos dados pessoais de usuários, inclusive de cartões de crédito. Os dados revelavam quem eram os clientes da empresa, a grande maioria homens, muitas figuras públicas foram expostas como adúlteras. Inclusive, segundo o site hypersicence.com (particularmente não conhecia o portal. Topei com ele enquanto redigia esse post)cerca de 1500 e-mails .gov.br estavam cadastrados na plataforma, o que no mínimo deve configurar como um uso não previsto de um e-mail funcional. O caso levou a pelo menos um suicídio, por conta da repercussão.

Ainda assim, há quem diga “Bem feito” e não se veja ameaçado por esse tipo de exposição. Bom, exemplos dos mais variados não faltam. Houve, em janeiro de 2021 o vazamento de dados pessoais de mais de 223 milhões de brasileiros, em um caso que ainda está sendo ativamente investigado plea ANPD, composto por dados como CPF, nomes, endereços de e-mails e telefones. Muitas vezes as pessoas se sentem protegidas pelo fato de não serem importantes ou não serem “milionárias” para ser alvo desse tipo de ataque. É uma confortável mentira que contam para si mesmas. Na maioria das vezes, quem usa esses dados faz ataques massivos, muitas vezes automatizados, não se importando com a situação particular de ninguém. O objetivo é tentar abrir contas, fazer empréstimos ou mesmo usar os dados para algum outro tipo de ação. Quem ignora esse risco está sendo... bem, ignorante nesse sentido :)

Dentro disso tudo, o caso relatado no episódio durante a entrevista com jornalista Joe Tidy, que está lançando o livro Ctrl+ Alt+ Chaos é um dos cenários mais perturbadores de exposição de dados pessoais que poderia acontecer, e poderia de certa forma, acontecer com qualquer um de nós.

O vazamento de dados da Vastaamo, uma empresa privada finlandesa que prestava assistência psicoterápica para seus clientes é grande o bastante a ponto de ter um verbete na wikipedia. O que diferencia esse vazamento de tantos outros é que os dados vazados não eram só dados cadastrais de seus clientes. Os terapeutas nessa empresa usavam um sistema eletrônico para registrar seus atendimentos, inclusive anotações pessoais dos terapeutas sobre seus clientes ou sobre os relatos que estes faziam. Imagine, ter seus relatos mais íntimos, contados na privacidade entre paciente e terapeuta disponíveis na internet para quem quisesse ver. Por semanas, o responsável pelo vazamento tentou chantagear a Vastaamo, liberando 100 registros por dia quando não era atendido. Até que por engano, publicou, durante algumas horas, todo o conjunto de dados de cerca de 33 mil pacientes desta clínica. E ao falhar na chantagem, ele resolveu, de forma automatizada, chantagear cerca de 27 mil e quinhentos clientes dessa empresa dos quais ele possuía os e-mails, ameaçando revelar seus dados.

Talvez no contexto brasileiro, 33 mil pessoas pode não ser lá muita gente, mas pense que a população finlandesa é de cerca de 5 milhões e meio de pessoas. Numa conta de papel de pão, praticamente 1 a cada 166 finlandeses teve seus dados vazados. Praticamente todo mundo conhecia alguém que conhecia alguém que era cliente dessa clinica.

Aqui temos o pior exposto ao ditado que diz “uma vez na internet, sempre estará lá, em algum lugar”. Provavelmente esses dados circulam e são armazenados por pessoas até hoje, sabe se lá com que fim.

E é por isso que sempre devemos ter muita consciência do que voluntariamente disponibilizamos na internet, já que muita coisa também fica digitalizada e passível de exposição a nossa revelia.

Devemos cuidar bem de nossos dados. Muitos dizem que a privacidade esta morta, mas ainda assim temos cortinas em nossas casas. Em ultimo caso, seja você um modernoso sem cortinas, podemos ir para exemplos mais diretos. Você normalmente fecha a porta do banheiro quando o usa, usamos roupas, temos conversas em particular, quando revelamos coisas que não gritamos ao s quatro ventos. A privacidade é um direito inerente ao ser humano, ainda que ultimamente pareça que estamos tão dispostos a abrir mão dela, não estamos de fato conscientes quanto como ela fará falta se algum dia nos vermos sem poder contar com um misero cantinho privado com os nossos pensamentos.

Deixo como sugestão o TED Talk Por que privacidade importa do jornalista Glenn Greenwald, o verbete na Wikipédia sobre a falácia argumentativa do nada a esconder e o link para o paper 'I've Got Nothing to Hide' and Other Misunderstandings of Privacy

Agradeço ao site Privacidade.digital como importante fonte de conhecimento na redação deste post e ao próprio episódio do podcast Darknet Diaries que entre tantos outros episódios me ajudaram a formar uma consciência sobre o assunto

#seguranca #ciberseguranca #opiniao #hack #vastaamo #darknetdiaries #privacidadedigital

Adoro uma boa surpresa, e isso diz muito sobre o ultimo #monsterdon que assistimos, Planeta Proibido (Forbidden Planet) de 1956. Apesar de seus quase 70 anos, o filme envelheceu admiravelmente bem, proporcionando um dos pontos altos dos filmes que assistimos este ano. Isso tendo Leslie Nielsen, de comédias como Corra que a polícia vem aí e Aperte os cintos, o piloto sumiu como principal protagonista em um raro papel sério (pelo menos da filmografia que eu conheço dele) e sem cabelos brancos!

Cartaz original do filme
Não tinha como errar com um belo cartaz desses

O filme conta que no século 23 a humanidade colonizou o espaço após descobrir a hiperpropulsão que permite mover-se acima da velocidade da luz. A tripulação do cruzador C-57D, na forma de um grande disco voador dirige-se para o quarto planeta no sistema solar Altair, afim de verificar o que aconteceu com uma expedição enviada 20 anos antes na nave Belerofonte.

Segundo a wikipedia o filme teria servido de inspiração para a futura série de Star Trek (ou Jornada nas estrelas, se você for tão velho quanto eu). Dá pra notar. Durante todo o filme podemos ver que há diversos termos em tecnobaboseiras que se vendem bem como termos científicos futurísticos, embora pareçam datados do nosso ponto de vista, dá pra imaginar que isso tenha explodido algumas cabeças na época.

Se prepare que daqui pra frente virão os temidos —==SPOILERS==—

Após a aproximação da nave ao planeta, a tripulação estranha que não haja ali uma grande colonia, dado que já se passaram 20 anos, mas rapidamente detectam que estão sendo acompanhados por radar. Entra em contato com eles o Dr Edward Morbius, que os tenta convencer a ir embora de forma rude, dizendo que caso pousem, não será responsável pelas consequências. O comandante Adams ignora o Dr e ordena a tripulação para realizar o pouso no planeta.

Pouso da nave
Belos efeitos especiais para a década de 50

Imediatamente após o pouso a tripulação é recebida por um robô, posteriormente identificado como Robbie (criativo, hein?) que os conduz até a casa do Dr Morbius.

Lá são recebidos e convidados para o jantar o Comandante Adams, Doc Ostrow e o tenente Farman. O Dr Morbius se desculpa, mas informa que é o único sobrevivente da Belerofonte e que todos foram mortos por uma terrível força e que ele foi obrigado a enterrar todos. Por isso ficou tão preocupado com a chegada de novos visitantes e tenta rapidamente dispensa-los após mostrar algumas das tecnologias que desenvolveu para sobreviver por todos esses anos. Mostrando inclusive que seu robô e incapaz de ferir alguém e que sua programação o faria desligar caso tentasse

robo aponta arma para comandante
“Vamos torcer para a demonstração funcionar dessa vez”

O robô inclusive é um clássico que deve ter sido copiado por milhares de produções ao longo dos anos, com seu andar característico, pequenos braços e uma cabeça enorme. Imagine o trabalho que deve ter dado para o pobe coitado que teve de interpretar o robô se mover por aí vestindo esse troço. As pernas me lembram o Bibedum, mascote da marca de pneus Michelin. Os efeitos continuam muito bons, um painel no robô acende quando ele fala. Tem a capacidade de sintetizar praticamente qualquer material e sua grande cabeça transparente deixa a mostra um monte de pequenos dispositivos que se mexem na sua cabeça, dando a impressão de que seu cérebro é um grande relógio de corda.

Rapidamente m dos segredos do Dr é revela, sua filha, Altaira, aparece curiosa para ver os visitantes. A partir daí mais um clássico aparece, no caso a misoginia, já que os tripulantes, somente do sexo masculino estão enclausurados na espaçonave a mais de um ano. Aliás, apesar de se passar anos no futuro, são claros os sinais de que o filme é uma produção da época, como a ausência de qualquer personagem que não seja branco anglo-saxão. Também reverbera que haja uma única mulher na produção toda, e que precisa ser “ensinada” pelo comandante como se comportar na frente dos homens, após receber duras criticas desse por sua vestimenta. Claro, tudo isso um subterfúgio do roteiro para depois eles se apaixonarem.

Altaira, Addams e Robbie
O comandante tenta explicar a Altaira porque as mulheres da terra se submetem aos homens.

Diante da recusa do Dr em partir ou dar maiores informações, o Comandante ordena que seja montando um potente transmissor para entrar em contato com a terra, o que obrigaria a tripulação a permanecer no planeta por pelo menos mais 10 dias. Terrivelmente incomodado coma situação, o Dr Morbius ordena que Robbie ajude a tripulação sintetizando os material que precisam, para abreviar a estadia deles.

O capitão com seus funcionários
a sala de comando da nave

Durante a noite, a nave é invadida por um ser invisível, que estraga um de seus equipamentos. O Comandante, convencido que pode ser uma sabotagem do Dr Morbius, dirige-se novamente para a residência desse. Lá descobrem um grande laboratório secreto, onde Morbius revela estar trabalhando para decifrar a complexa tecnologia dos Krell, uma raça avançada que habitava o planeta e construiu um grande complexo no interior do planeta para se converterem em seres de pura energia.

O laboratório dos Krell
Suntuosos aposentos de pesquisa dos Krell

O Dr inclusive revela que ampliou sua capacidade mental ao aprender a utilizar os equipamentos do Krell, o que o permitiu montar um robô tão avançado quanto Robbie. Determinado a levar a tecnologia para a terra, Morbius e Addams discutem, mas Morbius dz que a humanidade não está preparada para tamanho poder.

As gigantescas estruturas dos Krell
“Sim sim, muito espaço livre aqui, dá uma ótima reforma”

Por conta da invasão a nave, comandante Addams estabelece um perímetro com cercas de energia, ainda assim a estranha criatura consegue penetrar na nave e mata o engenheiro chefe, que estava reparando os equipamentos de comunicação danificados. Mais tarde, a criatura é detectada pelo radar, e mata mais 3 tripulantes após um combate na cerca de energia, em que fica parcialmente visível. Os efeitos especiais são realmente incríveis para a época. Me pergunto se a versão que assisti do youtube era alguma restauração especial ou algo assim.

O ataque do ser
“Olá, gostariam de morte e destruição?”

Mais uma vez, Addams retorna a casa de Morbius para tentar convencer Altaira a deixar o planeta com ele. Doc Ostrow, que o acompanha dá uma rápida escapadela para tentar usar o equipamento Krell que amplia a inteligência, mas é recolhido por Robby fatalmente ferido. Antes de morrer, ele avisa que os Krell erraram ao criar sua tecnologia, que ao permitir tornar pensamentos reais, esqueceram do id. Aqui os psiquiatras iam curtir, aparentemente ele está falando dos monstros do subconsciente.

A casa é então atacada pela criatura, e Addams, Morbius e Altaira se escondem no laboratório Krell. Mesmo com as portas reforçadas, a criatura avança, e Addams convence Morbius de que é seu próprio subconsciente que viabiliza a criatura que os está atacando. Aí Morbius tem um piripaque e implora para que a criatura os deixa. Antes de morrer do esforço, ele passa orientaçoes a Addams que ativa a sequencia de autodestruição mais lenta do cinema, dando 24 horas para Addams, Altaira e a tripulação se retirarem a uma distância segura do planeta.

A criatura ataca
Eu não sei se sua arma fará muito efeito contra a criatura, Addams

Por fim, o planeta inteiro explode, e os tripulantes se preparam para retornar a terra com um romântico abraço entre Addams e Altaira, para a inveja o resto da tripulação que precisará passar mais um ano na seca antes de chegar na terra.

Enfim, foi um filme muito interessante. Apesar de bem velho, fica ali no meio do caminho entre um bom episódio de Star Trek e Além da imaginação. O suspense se segura bem durante o filme, apesar das cansativas idas e voltas a casa do dr. Morbius e o romance sem graça. Os efeitos visuais são surpreendentes, e os efeitos sonoros acompanham bem a trama, apesar de não ter uma “trilha sonora” em si.
O tema da exploração do desconhecido, do perigo invisível e a tensão entre o comandante militarizado e o recluso pesquisador funciona muito bem. Dá realmente para ver esse filme como inspiração em diversas outras produções posteriores.

Pontos fortes

  • um bom roteiro, para variar!
  • excelentes efeitos especiais para época
  • bons efeitos sonoros, apesar de sentir falta de uma trilha sonora de verdade
  • excelente 'tecnobaboseira' que ajuda a dar credibilidade a um futuro distante, apesar de datado.

Pontos fracos

  • como uma produção de época, temos todos os problemas que fazem parte disso, como nenhuma representatividade sexual ou racial
  • as brincadeiras com o cozinheiro alcoólatra
  • prefiro Leslie Nielsen como o Dr. Rumack de Aperte os cintos, o piloto sumiu!

Serviço

Planeta Proibido tem 92% no tomatômetro e 85% no pipocometro do Rotten Tomatoes

Pode ser assitido gratuitamente com legendas no Internet Archive

#monsterdon #forbiddenplanet #planetaprobido #scifi #espaco #robo #tecnologia #filme #opiniao

Na minha família, já tem alguns anos adotamos a prática de fazer um amigo-oculto de desapegos, e num misto de casas muito entulhadas, dificuldades financeiras, filhos e sobrinhos para presentear, acabamos trazendo a prática que já tinhamos entre amigos para a família. Com mais regras, claro. Ninguém queria receber uma lata de cerveja vencida (como já ocorreu entre o antigo evento que faziamos com os amigos. Talvez por isso ele não ocorra mais).

Enfim, em um destes natais fui presentado pelo meu irmão com Pequenos incêdios por toda a parte de Celeste Ng. Apesar da recomendação deste irmão que havia colocado o livro para jogo, foi uma leitura que adiei por um tempo, em parte por realmente ter perdido a prática da leitura, em parte por estar usando todo o tempo de leitura que eu dispunha (não é muito quando se tem três filhos, a mais velha recém na pré-aborrêcencia) a ler os livros do querido Pedro Oli.

Depois de o livro ficar me provocando durante esse tempo de estante, resolvi finalmente lê-lo, até porque já estava ficando de olho para coloca-lo para rodar em um natal próximo. Então, com alguma motivação iniciei a leitura junto com o ano novo.

Capa de "Pequenos incêdios por toda a parte" de Celeste Ng

Admito que demorei a engatar. A história, sobre a qual pretendo falar o mínimo para não soltar spoilers é sobre duas mães e suas respectivas famílias morando em um daqueles subúrbios americanos de classe média alta que só o excesso de TV nos fez conhecer. A medida que a história se desenrola ali em meados dos anos 90, com aquelas limitações que tinhamos até então, uma vida antes de smartphones e internet, vamos acompanhando como os dois mundos diferentes dessas mães vão acabar se colidindo.

Sinceramente, achei o inicio a história bem lento, e continuei a leitura pela profunda necessidade de terminar de ler, de tentar deixar aquilo para trás. demorou um pouco mas acabei sendo lentamente fisgado pela história, o que dá um paralelo interessante de que a medida que as famílias iam interagindo e se embolando ia aumentando o meu interesse nessa história.

Acabei de termina-lo e realmente gostei muito. Apesar do inicio lento, o final foi ágil, e deixa algumas coisas no ar para o leitor resolver. Gosto desses finais abertos. A vida no final das contas é assim né? A gente começa a acompanha-la de um determinado ponto e temos ali uma estreita imagem de como as coisas realmente acontecem, pelo menos para a maioria de nós. Os teóricos do conspiracionismo alien-iluminati-reptiliano que fiquem a vontade de discordar.

Não foi um livro perfeito, eu mesmo acho que algumas coisas não me pareceram muito reais, mas foi uma leitura agradável, especialmente da metade para o final, como já citei. Dá um gostinho de “quero mais” de saber mais um pouco o que aconteceu com todos os personagens no final.

Achei interessante que foi uma história especialmente feminina, não exatamente de maternidade em sí, apesar do protagonismo principal das duas mães, mas da multiplicidade de personagens femininas. Sendo homem é sempre bom ter uma visão desse universo que não conhecemos o bastante, não importa o esforço.

Escrevendo essas toscas linhas, me dei conta de que o livro foi uma minissérie em algum streaming. Talvez valha a pena assistir um dia, ou talvez o ideal seja ficar com as imagens mentais que a minha cabeça fez do livro. Em todo caso, é uma leitura recomendada, caso tenha a oportunidade de topar com ela por aí, quem sabe num amigo-oculto de desapego

#leitura #PequenosIncendiosPorTodaAParte #CelesteNg #opiniao #livros

Este sim, teria sido um bom título para a versão brasileira de C.H.U.D, o mais recente filme que assistimos pelo #monsterdon em vez do subtítuto “A Cidade das sombras”. Não é lá o pior subtítulo que já inventamos por aqui. Ah sim, aviso de SPOILERS daqui pra frente. Não muitos, mas alguns.

O filme em questão se refere a C.H.U.D como uma sigla para Cannibalistic humanoid underground dweller. O que não é lá totalmente verdade, como o filme explica mais a frente. Os seres são criados pelo lixo tóxíco e rejeitos nuclear despejados secretamente nos esgotos da cidade.

Daí somos apresentados aos protagonistas do filme. Um é um fotográfo bem cuzão com a namorada modelo, mas que tira fotos dos mendigos da cidade que se escondem em tuneis de metrô (esses, humanos normais), outro é um dos bandidos molhados de “Esqueceram de mim” interpretando um cara que organiza sopão para os mendigos, e o terceiro um capitão de polícia em busca da esposa desaparecida.

De longe, o melhor desses é o ator de esqueceram de mim, que está meio alucinado no papel, mas é o que mais convence. O fotografo cuzão entra na história ajudando a pagar a fiança de uma conhecida mendiga, e o capitão de polícia entra tentando descobrir porque as pessoas estão sumindo naquela região, incluindo sua esposa e porque a polícia não quer que os crimes sejam investigados.

Mendigo, mas invocado Mendigo, mas invocado

Não é lá um grande filme, mas mostra de alguma forma como mendigos são ignorados pelas pessoas, morando em buracos asquerosos que as pessoas esqueceram que existem, e como quem tenta ajuda-los pode ser achacado pelas autoridades (qualquer semelhança com a realidade e puro acaso, certo São Paulo?)

Enfim, esse é o ponto alto da crítica social que o filme tem, daí pra frente é ladeira abaixo! Logo os mutantes começam a puxar tudo o que pode servir de comida para os esgotos. Para mutantes canibais, eles até deixam muitos pedaços sem aproveitar. Talvez sejam muito específicos com o que querem comer, vai saber.

Capitão e o Bandido Molhado refletem sobre o sumiço de mendigos Capitão e o Bandido Molhado refletem sobre o sumiço de mendigos

As fantasias dos mostrengos são até boas. Unhas imensas, olhos que brilham, sangue verde e bocarras que são rasgos cheios de dentes. A trilha sonora e roupas exalam anos 80, datando bem o filme. A trilha sonora inclusive é uma loucura a parte, pirando toda vez que um dos mutantes aparecem. Não dá pra saber o que o músico queria, mas a sensaçã é que ele caiu de uma escada com todo o seu equipamento ligado.

Pronto para ouvir a palavra do CHUD? Pronto para ouvir a palavra do CHUD?

Pontos altos

  • História de origem de um dos bandidos molhados de Esqueceram de mim;
  • Bons monstros e efeitos práticos pra lá de razoáveis pra média do #monsterdon;
  • Uma pontinha de um John Goodman cheirando a leite perto do fim;

Pontos baixos

  • Trilha sonora é uma bagunça;
  • O Fotógrafo, um dos protagonistas fica meio perdido na história e é um baita cuzão com sua parceira;
  • Deixa gancho para uma continuação (que segundo a wikipedia, infelizmente existe)

C.H.U.D na wikipedia Classificação 40 no Rotten Tomatoes

#filme #monsterdon #CHUD #opiniao