O complicado caminho do controle parental
Antes de me tornar pai pela primeira vez me lembro muito de julgar outras pessoas com filhos. Lembro de como fiquei horrorizado a primeira vez em que vi uma criança usando aquela espécie de “coleira-colete” com uma guia para o pai, ou de pais alegremente conversando enquanto a babá, mais atrás empurrava o carrinho com a criança, como se não fosse incomodar. Várias coisas desse tipo ainda me incomodam hoje em dia, mas mantenho minhas críticas entre eu e minha esposa. A verdade é que, depois que nossa primeira cria nasceu, sentimos que cada um sabe o que é melhor para os seus, independente da minha opinião. (O que claro, não invalida a opinião que compartilho com meu irmão de que as pessoas deveriam fazer curso e prova para se tornar pais e mães, muito similar a tirar uma carteira de habilitação).
Nada mais clichê para um blog do que usar o batido ditado “cada um sabe onde o calo aperta” ou algo assim.
Com o uso de ferramentas digitais, não é muito diferente. Claro, o tempo mudou muita coisa. Minha primeira experiência com computador em casa foi com o nosso saudoso Gradiente Expert, lá pelos meados da década de 80. Um computador pessoal compatível com o padrão MSX do qual me arrependo amargamente de termos vendido.
Comparativamente, hoje em dia temos a coisa bem mais fácil de acessar. Crianças tem contato logono inicio com os celulares dos pais, com uma curiosidade imensa de ver fotos ou outras pessoas por videoconferência, e logo ficam tão vidradas naquela lamina de plástico, metal e vidro quanto seus progenitores. E aí começamos a ceder para ter um pouco de 'sossego'. Normalmente a coisa começa em Galinha Pintadinha e Bitta, e depois evoluem para “drogas' mais pesadas, como Peppa, ou até mesmo algum youtuber, ou até vários se você tiver menos sorte (como eu).
E com isso vieram várias obras em todosos gostos e sabores sobre os malefícios do uso de telas. Eu pessoalmente li “A Fabrica de Cretinos Digitais” do francês Michel Desmurget que foi razoavelmente assustadora para mim, embora não concorde com os autores em todos os pontos.
O importante é que precisava de uma ferramenta para regular não só do tempo gasto, mas garantir que tivessem, pelo menos, acesso a um conteúdo mínimamente adequado a suas idades, ainda que isso implicasse em delegar essa definição de adequação a terceiros. Foi ai que começamos a pesquisar sobre ferramentas de controle parental. Talvez o nome pareça estranho se nunca tiver topado com ele, mas nada mais é do que uma ferramenta que permite aos pais algum controle sobre os dispositivos dos filhos, supondo que estes tenham um.
Como um partidário do software livre, logo procurei no alternativeto.net algo em software livre que pudesse atender minha demanda para nossos pequenos usuários de android aqui em casa. Não foi uma pesquisa muito feliz. Existem poucas alterantivas adequadas. A maioria faz algum controle de tempo, mas coisas puco eficazes. Muito a contragosto, me rendi a “gratuidade” da BigTech e passamos a usar o Family Link, parte da solução do google para controlar contas infantis. ainda que não seja tão poderoso e granular em seus controles quanto soluções de outras empresas mais especializadas no ramo como o Qustodio e o Karspersy safe kids era o que tinhamos de melhor e mais nativo ao uso que eles faziam.
Diversas telas do family link
O sistema é relativamente simples. Após criadas contas google para as crianças ( o que não deixa de ser temeroso, saber que desde a mais tenra infância uma das bigtechs já consegue farejar o rastro digital de meus filhos), basta criar um grupo familiar, e separar em contas de pais e filhos. Nesse sentido, a cosia fica interessante, já que os pais podem dividir entre si e atender as necessidades de alguma configuração ou (normalmente) liberação de tempo ou instalação de algum software pelo seu aplicativo de pais. No dispositivo das crianças, e instalado talbém o software, que se engarrega de “impor” as configurações feitas para os seus dispositivos.
No android e chromebooks, é um sistema eficiente, você pode definir o tempo de uso, se a criança pode instalar de forma autonoma algum app no aparelho, pode segmentar o tempo por aplicação, verificar em que local o aparelho se encontra (supondo que o mesmo tenha o GPS ativado e tenha um chip de dados ou pelo menos conectado a um wi-fi), fazer o aparelho “apitar” (muito útil quando eles não sabem onde está, ou seja, quase sempre) e filtrar alguns tipos de conteúdos do próprio google, como youtube, acesso a sites e algumas regras de busca. Em comparação a aplicativos mais competentemente voltados para esse fim, não temos aqui uma regulação do que está sendo acessado dentro de um aplicativo específico, por exemplo, whatsapp, tiktok, instagram ou algo assim, mas para o básico, ele dá conta.
Infelizmente, no caso de controle parental no computador, usamos Linux aqui em casa, então o Family link no máximo regula alguma coisa ali dentro do navegador google Chrome. Para este caso de uso em específico, ainda estou em busca de uma ferramenta que me atenda, já que as que encontrei até agora, no máximo controlam tempo de uso e nem sempre funcionam tão bem.